(Texto do Professor Lannoy Dorin)
Um curso de psicologia habilita a pessoa a trabalhar em vários campos da atividade humana, como em clínicas particulares, em hospitais, em escolas para deficientes mentais, em escolas infantis, em clínicas de repouso, em departamentos de psicologia de universidades, no magistério, (professor de escolas de ensino médio e superior), em agência de pesquisa social, em centro de aconselhamento, numa indústria, numa empresa de serviços, numa instituição de reabilitação, etc. E, evidentemente, a competência do psicólogo para trabalhar em vários campos, como o clínico, o industrial, o da propaganda, o escolar, etc, depende do currículo do seu curso, o qual pode estar mais voltado ‘a formação do psicólogo experimental, do escolar, do clínico, e assim por diante.
Psicoterapeuta é um psicólogo clínico, é um individuo capaz de aplicar as técnicas da psicologia na diagnose e tratamento (psicoterapia) de pessoas com desordens da personalidade, as quais se concretizam, sobretudo como desajustamentos emocionais e incapacidades e conflitos e se ajustar ‘as situações problemáticas tão comuns na vida contemporânea. Esse trabalho envolve o conhecimento de técnicas de entrevistas, da aplicação de inventários e testes de personalidade, bem como da interpretação dos resultados obtidos, das técnicas de investigação das experiências passadas e atuais do cliente, e das técnicas de tratamento, conhecidas como psicoterapias.
A psicologia clínica está voltada ao estudo e tratamento do comportamento anormal. Por esse motivo, está ligada tanto ‘as ciências sociais como ‘a biológica. Não se pode mesmo fazer uma nítida separação entre o campo de fenômenos humanos investigados por um psiquiatra, um neurólogo, um assistente social e um psicólogo clínico. Então, o que melhor define essas áreas é o tipo de trabalho desenvolvido e as técnicas usadas por esses profissionais. Os psiquiatras são médicos com especialização para a prevenção, diagnose e tratamento de distúrbios mentais e comportamentais. Ocupam-se, sobretudo das psicoses, como os vários tipos de esquizofrenia, a maníaco-depressiva, as por intoxicação e a paranóia, e dos desvios sensíveis da conduta, ou seja, tratam de pessoas que apresentam ilusões, alucinações, delírios, amnésias ou atitudes e condutas chamadas psicopáticas, que são aquelas que ferem as normas morais da sociedade. Como esses profundos distúrbios da percepção, do pensamento, da memória, da afetividade e da conduta não são resultantes apenas de fatores genéticos, de intoxicações, de disfunções orgânicas, da ação de micro-organismos, como nas doenças mais prejudiciais ao sistema nervoso, e da má alimentação na infância, o enfoque e o tratamento não podem ser exclusivamente médicos, organicistas. Desse modo, o treinamento do psiquiatra ordinariamente deve incluir também o estudo das psicoterapias, e, como os métodos psicoterapêuticos são baseados numa teoria particular ou num sistema psicológico, o psiquiatra se vê obrigado a estudar psicologia e filosofia, e a seguir uma ou várias doutrinas psicológicas. É assim que ele passa a se familiarizar com a psicanálise, com a terapia comportamental, com a guestalt-terapia e outras técnicas de tratamento psicológico, que nasceram com os psicólogos, boa parte deles formada por médicos (Freud,Jung, Karen Horney, Harry S. Sullivan e outros).
Porém, vários distúrbios do comportamento têm causas estruturais e não apenas funcionais como as acima citadas. Um distúrbio motor, um ataque de queda, uma perturbação ou uma anomalia da linguagem oral podem ser fenômenos causados por um processo patológico no cérebro e é indispensável, inicialmente, o diagnóstico de um neurólogo, a quem caberá determinar o tratamento, como no caso de uma criança retardada por lesão cerebral.
Evidentemente, as desordens da personalidade e os desvios de traços, como as perversões, mormente as de natureza sexual, têm causas sociais. Devemos entender o ser humano como uma entidade biogenética, mas ela não existe senão atuando socialmente e sendo socialmente influenciada. Tanto que o termo personalidade é usado apenas para o ser humano, pois o desenvolvimento individual consiste principalmente na aquisição pelo organismo de idéias, conhecimentos, atitudes e padrões de comportamento social também é um profissional indispensável numa equipe que está incumbida da prevenção, diagnose e tratamento de pessoas desajustadas, como, por exemplo, delinqüentes e psicóticos.
PSICÓLOGO CLÍNICO
Como um psiquiatra, o psicólogo clínico estudou psicopatologia e foi treinado no emprego de psicoterapias. O seu curso de formação o obrigou a adentrar pelo campo da psicologia anormal, a conhecer os diferentes modelos explicativos em psicopatologia (organicista, psicanalítico, comportamentista da apendizagem social e humanístico-existencial), a empregar as diferentes técnicas terápicas diretivas e não diretivas, individuais e de grupo (do hipnotismo ‘a Gestalt-terapia, passando pela psicanálise e pela terapia comportamental) e a trabalhar numa equipe ao lado do psiquiatra, do neurólogo e do assistente social, como no tratamento de crianças epiléticas, delinqüentes ou retardadas intelectualmente.
Em equipe, ou individualmente, o psicólogo clínico se ocupa do tratamento de pessoas com reações neuróticas. Cabendo-lhe efetuar a diagnose, o estudo e o tratamento de indivíduos com reações de ansiedade neurótica, dos distúrbios psicossomáticos (principalmente os do aparelho digestivo), das reações obsessivo-compulsivas (como as fobias e manias), das reações depressivas, dissociativas (como dupla personalidade) e conversivas (como anestesias e dores musculares causadas por conflitos psicológicos) e dos distúrbios da conduta sexual (como, por exemplo, a impotência psíquica do homem e a frigidez da mulher), etc. Em suma, ele está envolvido principalmente no tratamento de pessoas com reações neuróticas, ou seja, com problemas de ajustamento emocional e distúrbios no seu quadro de motivos (necessidades, impulsos, desejos, interesses, aspirações, propósitos), enquanto um psiquiatra está mais voltado ao tratamento de psicóticos, pessoas com sensíveis desordens (distúrbios) mentais, caracterizadas pela desorganização do pensamento, desorientação no espaço e no tempo, alterações emocionais e muitas vezes com ilusões , alucinações e delírios, como ocorre em casos de alcoolismo crônico.